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Localizado no vale do Alto Ribeira, na divisa entre Juquitiba e Miracatu, o Sítio Saíras nasceu, segundo o agrônomo e fenomenólogo Manfred v. Osterroh, responsável por seu manejo, com a dupla encomenda de ser belo e produtivo. Desde dezembro de 2017, ali se estão implantando diversas atividades produtivas numa busca pelo que se decidiu chamar de uma “Estética Tropical”. Nesse sentido, já foram implantados uma horta, um horto, alguns pomares e um bananal. Caminhos foram construídos em nível ao longo do terreno, que é bastante declivoso, apontando-se para um aspecto de “terraços” com aparência pretendida de “trópico cultivado”.

O projeto “Sítio Saíras” tem como objetivo a regeneração de suas áreas até recentemente degradadas por uso descuidado, representando e divulgando alternativas econômicas para a população local, que tem se dedicado a atividades desconectadas das possibilidades e riquezas de sua região. Assim sendo, o Sítio Saíras pretende apoiar a regeneração da paisagem, das pessoas e de suas atividades produtivas, além de ser também utilizado como lugar de terapia para aqueles com traumas em função de situações de emergência e risco, associando dessa forma a regeneração da Terra e dinâmicas terapêuticas para o cuidado e desenvolvimento integral do ser humano.

 

Trabalha-se no manejo do Sítio Saíras com o que se passou a chamar de Agricultura Regenerativa Tropical, associada à ideia de um Paisagismo Regenerativo Tropical. E o que são Agricultura e Paisagismo Regenerativo Tropical? São desdobramentos da aplicação de um método fundamentado na leitura orgânica da paisagem, de suas expressões e seus processos de vida, que aponta para um modo de regenerar o Lugar com seus próprios recursos, sem importar insumos. Trata-se de método que não impõe conceitos e não parte de uma estrutura pré-concebida. Primeiro se observa, aprende-se a linguagem da paisagem, depois se desenham as intervenções.

Jornadas com duração de um dia, num misto de trabalhos práticos leves com rodas de conversa, já foram iniciadas numa parceria do Saíras com a Plataforma habita-cidade, que opera sob a Associação Escola da Cidade. Intuições de projeto têm sido desenhadas e debatidas. Implantação geral preliminar foi estabelecida para debate, tendo sempre o responsável pelo manejo, Manfred v. Osterroht, como facilitador.

Os mantenedores do sítio Saíras são Reinaldo Nascimento e Ariane Castro. O terapeuta social Reinaldo Nascimento usa a chamada “Pedagogia de Emergência” para ajudar pessoas, sobretudo crianças, em situações de risco. Já participou de ações no Nepal, com crianças vítimas de um terremoto em 2015, e no Iraque. Ariane Gianfelice de Castro, médica antroposófica com atuação junto à Associação Monte Azul, na favela de mesmo nome, e médica de família pela Sociedade Brasileira de Medicina de Família, é geriatra pela Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), também formada em Cuidados Paliativos pelo Instituto San Camilo de Três Cantos (Madrid – Espanha), e desenvolve terapia psicossomática pela Associação Brasileira de Medicina Psicossomática. A ideia do casal é, como indicado acima, combinar regeneração da paisagem e do ser humano, empreitada em que são ajudados por Manfred v. Osterroht, agrônomo e fenomenólogo, formado pela ESALQ-USP e com especialização em Agricultura Biodinâmica na fazenda-escola Dottenfelderhoh.

A Plataforma habita-cidade organiza um grupo de projeto para apoio ao Sítio Saíras. Oficinas, encontros para reflexão e debate, desenvolvimento de projeto e acompanhamento de obras, apoio em atividades de plantio e colheita, além de ativismo quanto à proteção do Bioma da Mata Atlântica fazem parte do escopo de atividades pela Plataforma em sua parceria com o Sítio Saíras.