Novos Caminhos para a Habitação Social
Luis Octavio de Faria e Silva
Ruben Otero
Maria Teresa Fedeli
Reflexões sobre as comemorações dos dez anos do curso de Pós-graduação lato sensu Habitação e Cidade, da Escola da Cidade, em São Paulo, realizadas em Março de 2019, que contaram com uma exposição e mesas de debate. Material a partir da edição da gravação dessas mesas é aqui apresentado, de maneira que se possa apreciar princípios e propósitos com os quais os alunos daquele curso interagem e refletir sobre essa fundamental questão em nosso país e na condição contemporânea: Habitação e sua relação com a construção da Cidade.
“Apesar de algumas centenas de milhares de seres humanos, amontoados num pequeno espaço, se esforçarem por mutilar a terra sobre a qual viviam; apesar de esmagarem o solo com pedras, a fim que nada nele pudesse germinar; apesar de até destruírem o menor sinal de vegetação, arrancando a erva e derrubando as árvores; apesar de encherem a atmosfera com o fumo do petróleo e do carvão: a primavera, mesmo na cidade, era ainda a primavera.” (Leon Tolstoi Ressurreição, 1899 primeira parte, capítulo 1)
Notável a capacidade, por parte de Leon Tolstoi, de compreender o mundo em convulsão nas bordas daquela que podemos nos referir como erupção da experiência moderna na sua fase correspondente ao século XIX. Sua maneira de descrever o que tinha diante de si surge, em seus romances oitocentistas, com acuidade e poesia. Nesse sentido, primavera, no trecho aqui reproduzido, se refere à estação do ano, mas também ao renascimento que representa e, de maneira metafórica, às possibilidades essenciais que se renovam. Mesmo na cidade devastadora, implacável e cruel, há esperança de uma primavera. Tomando de empréstimo as palavras do escritor russo, perguntamo-nos se, de joelhos diante da desigualdade, da falta de segurança pública e de bom senso, da dessacralização e mercantilização da vida e da Terra, da ausência de cuidado, como nos lembra Leonardo Boff, nossas cidades atuais poderão ter uma primavera em que o melhor da possibilidade que representam desabroche.
Tendo a reflexão acima como epígrafe e com o objetivo de revolver e atualizar possibilidades para as nossas Cidades e questões quanto a uma parte intrínseca delas – a Habitação, uma exposição foi aberta na Escola da Cidade no dia 12 de Março de 2019 e contou com mesas de debates no dia 12 (na inauguração da exposição), e nos dias subsequentes (13 e 14), com convidados que são referência, dentre eles professores contumazes no curso de Pós-graduação Habitação e Cidade, cujos dez anos de existência se celebravam.
A exposição (Fig.1) ficou aberta até o dia 29 de março, com uma pequena amostra de projetos realizados por alunos do curso, durante seus períodos de atelier, e buscava promover um novo olhar sobre possibilidades na transformação de nossas cidades, a partir da construção da Habitação, em um sentido ampliado (ou pleno) de moradia associada a infraestrutura e equipamentos.
Fig. 1 Foto da exposição realizada Na Escola da Cidade, a propósito dos dez anos do curso de Pós-graduação lato sensu Habitação e Cidade
A exposição realizada na Escola da Cidade, acompanhada de mesas de debate, procurou mostrar que continuamente se renova a esperança de uma primavera para nossas cidades. No embalo de falas e desenhos daqueles que são convidados a expor convicções quanto à produção do Habitat humano entre nós (legados e intuições de caminhos), observa-se a paisagem e a transformação antrópica nela realizada, A partir dessa observação, investigações propositivas foram empreendidas, sempre no sentido de identificar maneiras apropriadas de cuidar de nossas realidades urbanas.
Ao se rever a produção dos períodos de atelier do curso Habitação e Cidade, entendeu-se que se poderia agrupar aquelas prospecções nas seguintes chaves: requalificação das áreas centrais; intervenções em áreas vulneráveis; consolidação das periferias; criação de tecido urbano; reprogramação da relação com as águas. Os projetos que foram apresentados na exposição são exemplos de investigações realizadas por alunos daquele curso quanto a essas chaves, que foram assim entendidas, mas que se interseccionam, não são estanques. Tratou-se de uma pequena amostra de visões – um lampejo de possibilidades que brotaram ao se debruçar sobre diferentes paisagens, entendidas como sítio (geomorfologia, hidrologia e ecossistemas), que maquetes expostas buscaram insinuar, associado a significações e, portanto, a uma dimensão cultural, da qual certos aspectos poderão ser apreendidos através de tipos de malha urbana e de ocupação perceptíveis nas situações apresentadas. Os desenhos prospectivos, por sua vez, falam de intuições, numa espécie de arqueologia de possibilidades latentes (Figs 2 a 5).
Fig. 2 Proposta para o Morro do S, realizada pelos alunos German Biglia/Nathalie Artaxo/Martin Benevides
Fig. 3 Proposta para o Jardim Paraná, realizada pelos alunos Alline Nunes/Carolina França/Gabriela Teixeira/
José Roberto Tricoli/Mariana Terra/Raphael Carneiro
Fig. 4 Proposta para o Jardim Colonial, realizada pelos alunos Fernando Soler/Guilherme Dias/Joseph Pons/Ricardo Stern
Fig. 5 Proposta para Casavalle, em Montevidéu, realizada por alunos da Universidad de la Republica, Uruguai,
em paralelo ao atelier do curso Habitação e Cidade na Escola da Cidade,
com enunciado de exercício equivalente e professores que participaram
tanto no atelier em São Paulo como em Montevidéu
Dez anos de curso, dez projetos em cinco chaves: é o que a exposição apresentou para fomentar a reflexão sobre uma desejada primavera quanto à nossa condição urbana, necessariamente fruto de uma civilidade em nossas paragens gestada e que buscamos discernir. É nesse sentido o apelo a pensar em “Novos Caminhos para a Habitação Social”, que se entende como a busca por um Habitat humano em harmonia com ciclos naturais e facilitador de relações comunitárias.
As três mesas de debate, com homenagem à arquiteta Elisabete França, patrona do curso que completava então uma década de atividades, e confraternização com alunos e professores, fizeram parte da comemoração e também compuseram um seminário que deu início à 11ª edição do curso Habitação e Cidade (2019). Para as mesas, foram propostos como grandes temas: “Movimentos Sociais e Cidade Inclusiva” (na mesa do dia 12), com Edilson Mineiro e Nabil Bonduki como participantes e Ângela Amaral como moderadora; “Políticas Públicas de Habitação” (mesa do dia 13), com Elisabete França e Sérgio Magalhães, moderação de Violeta Kubrusly; ”Projeto de Arquitetura de Habitação Social” com Jorge Jauregui e Marcos Boldarini tendo Maria Teresa Diniz como moderadora.
Fig. 6 Edilson Mineiro e Nabil Bonduki, em mesa mediada pela arquiteta Ângela Amaral
Edilson Mineiro, em sua fala na primeira mesa (dia 12), enfatizou o valor da participação na produção do Habitat humano e no aprofundamento da Democracia, além de conclamar a formação do técnico com responsabilidade social. São trechos de sua fala:
(…) reconhecer que na construção da cidade, na construção das Políticas Habitacionais, tem que haver o protagonismo dos trabalhadores e das trabalhadoras, das pessoas que vão morar: dos sem teto (no caso dos movimentos de moradia), do favelado (no caso da urbanização de favelas), [que] a dimensão da autonomia dos trabalhadores, do protagonismo das pessoas no processo de construção as cidades, é um valor fundamental (…) para pensar um projeto para o futuro, a despeito de muitas vezes a gente encontrar muita dificuldade para viabilizar o reconhecimento desse protagonismo ou (…) [do] direito da participação.
A questão da participação – das pessoas se apropriarem do Estado para [o] tornarem (…) efetivamente público, continua na ordem do dia. Isso não é só uma questão de lógica, não é só um desejo da democracia radical: é uma tática com um efeito prático muito importante. Como exemplo concreto: foi com muita mobilização, com muita participação, que se construiu (…) a ideia de que uma parte do ICMS no Estado de São Paulo tinha que ser destinado exclusivamente para habitação. (…) Hoje essa ideia anda um pouco enfraquecida mas, da arrecadação, algo como 1% (…) é destinado (…) à Política Habitacional.
É fundamental, neste momento, a gente ressignificar a ideia de participação, (…) que não é a mesma ideia de participação dos anos 1980, que era basicamente uma participação presencial. Hoje talvez o ideal fosse a combinação de diversas formas de participação: presencial, não presencial, de diversos segmentos da sociedade, não só movimentos organizados, como também da sociedade civil que tem uma força política muito grande, mas esse valor a gente não pode descartar, (…) ele tem a ver com a possibilidade de a gente continuar a fazer a democracia respirar, um valor importante (…) [presente nos] movimentos [sociais], que ampliam essa possibilidade (…).
O processo construtivo, o processo de construção das moradias, deve ser também objeto de uma crítica dura e sutil de que a gente deve respeitar o papel dos profissionais, dos arquitetos; permitir que a gente tenha diversidade de projetos, (…) inovar (…) na produção de habitação, (…) A Política Habitacional precisa contar com esses elementos. A gente faz (…) um esforço para que essa questão da assistência técnica seja (…) sempre debatida, questão que depende de mobilização da sociedade, depende de os profissionais colocarem isso como uma bandeira central, de reivindicação, para não ficar (…) numa lógica puramente mercantil, o que inclusive rebaixa a condição profissional de quem se dedica a essa questão da habitação.
Esse debate dos rumos da Política de Habitação na cidade (…) a gente está disposto a fazer (…). Aqui, na Escola da Cidade, a gente tem uma parceria, numa disciplina, em um processo de extensão universitária, em que os alunos estão indo nos mutirões, (…) nos bairros da periferia, aprender com a cidade, e também levar o conhecimento de alto nível que eles têm daqui (…). Para nós, essa parceria é fundamental: essa relação dos movimentos com os conhecimentos produzidos na Academia – (…) tem tudo a ver (…) investir [nisso] (…) no futuro, por que a gente vai fortalecer um ator importante na democracia que são os movimentos sociais e também criar um profissional que tenha na cabeça valores no sentido de afirmar a dignidade da pessoa humana, (…) da distribuição da justiça social, que são valores fundamentais para um novo tempo que com certeza virá.
Nabil Bonduki, na mesma mesa, chamou a atenção para o papel fundamental dos movimentos populares na construção de Políticas Públicas e para o desafio de uma produção massiva de habitação com qualidade e urbanidade:
Nosso objetivo (…) no Laboratório de Habitação era (…) formar lideranças de movimentos populares que fossem capazes de discutir Políticas Públicas. Quando chegavam nos órgãos públicos (…) – ainda [se] estava na ditadura – tinha aquilo que a Marilena Chauí chama de discurso competente, ou seja, o Poder Público dialogava com os movimentos como se (…) [estes] fossem inferiores, como se [o Movimento] não tivesse capacidade de debater Política Pública, não tivesse legitimidade para discutir. (…) A formação de lideranças em movimentos, [junto ao] trabalho que a gente fez (…) de apoio e de assessoria [técnica], que depois foi continuado por muita gente (…), tinha muito esse objetivo de fazer com que esse ator fosse interlocutor importante no processo de construção de Política Pública, assim como, naquela época, colocar de novo a Arquitetura na questão da Habitação.
No que diz respeito a uma questão nossa, dos arquitetos [em relação à] Habitação – questão que coloquei (…) muito brevemente na conclusão do [livro] “Pioneiros da Habitação Social” [e que] (…) temos que encarar de maneira muito forte (e isso é importante falar em uma pós-graduação (…) preocupada com a questão da Habitação aqui na Escola da Cidade): nós temos que colocar de uma maneira muito concreta a necessidade de (…) compatibilizar a qualidade de projeto com a produção massiva de Habitação.
O problema não é existir a chamada Cidade Tiradentes. Existir um conjunto habitacional, na época muito distante da cidade, muito isolado: o problema não é esse: o problema é a qualidade do projeto de cidade, é sua articulação com o sistema de mobilidade urbana e a falta de uma perspectiva de desenvolvimento urbano que consiga descentralizar os empregos, (…) os serviços, e conseguir, de alguma maneira, que aquilo (…) estivesse, de saída, já integrado na cidade. (…) O que nós temos que pensar em termos de Habitação é como podemos construir cidades a partir do projeto habitacional e produzir cidade de qualidade (…) para um número enorme de pessoas.que precisa ser atendido a partir desse tipo de projeto.
Nos próximos cinquenta anos, muitos pedaços desta cidade terão que ser reconstruídos. E como serão reconstruídos? (…) À maneira como têm sido construídos (…) por aí? [Como em] (…) alguns projetos do Minha Casa Minha Vida, com milhares de casinhas iguaizinhas, de quatro águas, em ruas sem infraestrutura ou infraestrutura mínima? Ou vamos pensar (…) na escala e qualidade que o desafio exige? Quando [se] (…) pensa [sobre] novos rumos para a produção habitacional no Brasil (…), acho que esse desafio está colocado, hoje, de maneira muito clara para os arquitetos, para os urbanistas. (…) Temos que [nos] desenvolver (…) para (…) que quando as condições políticas permitirem que essa produção em escala possa se dar – e isso tem sido cíclico no Brasil – nós tenhamos capacidade para enfrentar esse desafio.
Elisabete França, na mesa do dia 13 de Março, afirmou a posição dos arquitetos como promotores de bons projetos de habitação, que estão intrinsecamente relacionados com a ideia de saneamento básico universalizado. Convoca os arquitetos a trabalharem como servidores públicos ou em situações em que possam agir em consonância com a responsabilidade que têm como técnicos formados através do esforço de todo um país:
A gente trouxe a participação ativa dos escritórios de arquitetura [nos projetos públicos de habitação]. (…) Tínhamos, às vezes, que reassentar pessoas [e] (…) construir unidades habitacionais. Tivemos essa ideia: por que que a gente não pode superar a “fase BNH” – do prédio mal feito etc – e chamar arquitetos para fazer esses projetos? Naquela ocasião, o Abrahão Sanovicz (…) tinha um trabalho muito legal (…) e então montamos uma equipe [sob sua coordenação]. (…) O conjunto habitacional [então construído a partir de projeto da sua equipe] continua hoje com a mesma qualidade (…) [e] os moradores aprimoraram, na medida de [suas] possibilidades, [os seus] condomínios. Assim se foi criando (…) um corpo de conhecimentos (…).
A perspectiva otimista para o futuro é isso: a gente tem que estabelecer cada vez mais essa força da habitação nos cursos de arquitetura para preparar capacidades técnicas nos jovens que vão atuar, por que no Poder Público tem que convencer gestores – a gente fala mal de prefeitos, governador, mas (…) tem que chegar [e dizer para eles]: “Olha, esse programa é bacana, vai dar ibope, [avança com] o saneamento básico – acho que essa é uma das linhas de prospecção. (…) A coisa é dramática – seis milhões de brasileiros sem tratamento de esgoto. (…) Não é possível um país onde tem gente sem saneamento básico”.
[Vocês devem] aproveitar o momento e não desistir. (…) Vocês são jovens, são o futuro (…).Vocês têm uma responsabilidade ética com o país. Um país que está proporcionando que vocês estejam aqui na universidade. Vocês têm que (…) [devolver] esse (…) recurso que o país está investindo em vocês, dando (…) resposta à sociedade. Vão trabalhar em prefeituras, em assistências técnicas, entidades, ONGs: (…) é um mundo de possibilidades de trabalho!
Fig. 7 Sérgio Magalhães e Elisabete França, em mesa mediada pela arquiteta Violêta Kubrusly
Sérgio Magalhães, em sua fala, chama a atenção para a cidade com a qual temos que dialogar, cidade feita majoritariamente através do esforço das famílias mais pobres, cuja poupança tem sido a promotora da maior parte da produção de nossas áreas urbanas e que têm contado com pouquíssimo apoio técnico. Arquitetos, representantes da sociedade quanto às decisões sobre a construção de seus espaços, precisam encarar o desafio de lidar com a necessidade de transformar a cidade que temos diante de nós em “uma cidade de convívio pleno, e não a cidade da exclusão, não a cidade dos espaços públicos degradados – ao contrário, a cidade dos espaços públicos bem tratados”.
Quando a sociedade brasileira confere o diploma de arquiteto a quem faz o curso de arquitetura, ela transfere a esse cidadão, a essa pessoa, a incumbência de representar a sociedade nos aspectos que são relacionados à construção do espaço onde as pessoas vão viver.
O tema Habitação Social, eu acho que está um pouquinho defasado. Acho que devemos tratar de Habitação. De certo modo, toda habitação é social. Parto das contingências do Brasil, [onde] hoje, talvez, nas grandes cidades (…) 15%, máximo 20%, do que é construído está dentro da regulação oficial. E talvez, 80%, 85% (…) dentro do esforço que as famílias, especialmente as famílias pobres, fazem para se inserirem na vida urbana, através da construção de sua moradia, precária que seja: Habitação é tudo isso. Tratar habitação discriminadamente acho que pode ser até uma certa injustiça com esse conjunto que produziu as cidades brasileiras.
Em cada cinco casas construídas no Brasil, quatro foram construídas exclusivamente com a poupança diária de cada família e, portanto, das famílias mais pobres deste país, mesmo neste período atual (…), [com] quatro milhões de domicílios teoricamente produzidos, de 2009 para cá, dentro dos financiamentos oficiais, dos bancos etc, como o Programa Minha Casa Minha Vida. Quatro milhões em dez anos. Nesses dez anos, o Brasil construiu dezessete milhões de domicílios. Onde construíram? Construíram na cidade da precariedade que temos aí: é sobre isso que devemos trabalhar.- é sobre esse conjunto que está nossa dimensão profissional mais efetiva, mais rica, mais recuperadora de condições ambientais, sociais, econômicas, políticas que o país possa desejar.
Nesta geração, que chegará no final dos anos 2030 com quarenta e poucos anos, cinquenta anos – que está hoje com vinte e poucos – esta geração verá o Brasil construído [com] mais de metade dos domicílios que tem hoje: se hoje temos sessenta milhões, urbanos, nós vamos ter mais de cem milhões no final dos anos 2030. Pelo menos mais quarenta milhões de domicílios nesse período. Que serão construídos como? Quais são as Políticas Públicas que permitirão que esses novos quarenta milhões de domicílios sejam construídos adequadamente (…) às condições contemporâneas? Onde estão as Políticas Públicas que vão permitir que a família possa trabalhar, estudar e produzir a sua casa em condições satisfatórias, com um crédito, que ela precisa ter para construir adequadamente? Como teremos ruas com infraestrutura, transporte adequado, para esses novos quarenta milhões de domicílios? E lembro: esses quarenta milhões de domicílios novos não terão nenhum morador a mais do que temos hoje, isto é, nós vamos crescer mais de 50% nosso parque habitacional sem aumentar a população brasileira. É um outro fenômeno que tem acompanhado essas últimas gerações, que se reflete no tamanho médio da família. Ao reduzir o tamanho médio da família, a mesma população demanda muito mais moradia e cria também uma condição nova que é a necessidade da interação social ser muito mais efetiva.
Para essa família pequena, é necessário uma cidade intensa, uma cidade viva, uma cidade dinâmica, uma cidade de multiplicidade de funções, uma cidade de convívio pleno, e não a cidade da exclusão, não a cidade dos espaços públicos degradados – ao contrário, a cidade dos espaços públicos bem tratados.
Marcos Boldarini, na mesa do dia 14, coloca a luz sobre a posição do projeto no âmbito das Políticas Públicas. Fala do projeto e da obra como ponta final da Política Pública e movimento de transformação em que os saberes relativos ao ofício do arquiteto são convocados e praticados em conjunto com múltiplos saberes, num processo que interage com dinâmicas complexas e que aponta para melhores condições na vida das pessoas.
A gente tem um processo de construção das cidades que nos deixa, hoje, uma condição efetiva, para a qual nós temos uma contribuição a fazer. Essa contribuição, no meu caso, é a contribuição de quem trabalha numa ponta de um processo muito longo, que é o processo de formulação, elaboração, desenvolvimento e aplicação de Políticas Públicas. Acho que às vezes talvez o holofote fique excessivo naquilo que é a ponta final dessa cadeia que é aquilo que efetivamente se materializa como ação que é o projeto, a obra, que é um momento muito importante, mas que não acontece sem que haja energia para que as Políticas Públicas aconteçam.
Isso não quer dizer que eu vá me furtar daquilo que eu posso como profissional contribuir em determinados processos. Acho que essa é uma ressalva importante por que não se faz arquitetura, qualquer que seja ela, sem que você tenha respaldo sob o ponto de vista político, sob o ponto de vista da ação pública. E isso pressupõe, para os que desejam trabalhar nesse meio, compreensão dos processos como eles se dão e também estar atento às mudanças que verificamos. E verificamos essas mudanças no dia a dia, verificamos pela contribuição da Academia, enfim, pela experiência de profissionais, sob a qual a gente lança o olhar, analisa o trabalho. (…) Não se faz arquitetura sem a crítica ao próprio trabalho, (…) sem a reflexão sobre a experiência dos parceiros ou outros militantes, independente de concordar ou não, há que se valorizar esse pressuposto.
Quando você trabalha em qualquer (…) pedaço de cidade, bairro, território, lote, enfim – há sempre a oportunidade (…) de transformar efetivamente determinados contextos sociais, ambientais e que necessitam (…) da contribuição de muitos pares – engenheiros, assistentes socias, geólogos, educadores e assim por diante. Por quê? Por que é complexo, porque é dinâmico e porque é intenso e se transforma o tempo todo.
Acredito que, sem o envolvimento efetivo, sem um processo que compreenda aproximações, a participação de diversos grupos e moradores, sistemas de gestão, que sejam mais eficientes e próximos, se essa condição não se cristalizar no território e nas comunidades de maneira mais intensa (e aí a gente tem uma série de experiências para de novo retornar e olhar para elas e replicá-las com nova roupagem, com nova tecnologia), acho que de novo a gente vai ficar num ciclo vicioso- fazendo e refazendo.
O que é muito sedutor (…) é que essas condições extremas, as condições mais difíceis são as que vão requerer as soluções mais criativas, as soluções ainda não pensadas, aquilo que a cidade informal abre um catálogo de soluções prontas e aplica. É quando a drenagem se faz de maneira distinta, é quando as equações sobre aquilo que é novo construído se faz de outra maneira. Então, há a possibilidade de se criar contextos físicos muito distintos, e a partir dessa atuação, com as contribuições das diversas disciplinas e Políticas, também pensar em constituir situações e arranjos sociais que garantam condições melhores desses grupos,
Fig. 8 Marcos Boldarini e Jorge Jauregui em mesa mediada pela arquiteta Maria Teresa Diniz
Jorge Mario Jáuregui, na mesma mesa, com sua notável capacidade de organização das ideias quanto ao que se fazer diante da condição que se apresenta, traz um conjunto de procedimentos que compõe um método de ação, instrumento oferecido aos colegas que se alinham com ele na busca por caminhos para lidar com as cidades atuais, com seus bairros populares e precariedade, algo que faz com generosidade e profundo senso de responsabilidade. Refere-se a questões fundamentais:
Viabilização dos processos participativos, a questão da escuta das demandas que, para mim, é uma questão central. Escuta das demandas e elaboração dos esquemas de leitura da estrutura do lugar, de cada lugar, onde vamos intervir, é o ponto de partida fundamental, do qual vai derivar o esquema urbano que vai ser a espinha dorsal que vai permitir as diferentes Políticas Públicas se integrarem nesse projeto, nessa atuação abrangente, que é basicamente física e social. Infraestrutural urbanístico-ambiental no físico, social que tem a ver com o econômico, cultural e especialmente com Políticas para geração de trabalho e renda, e com, obviamente, o manejo sustentável dos recursos, que sempre são limitados e escassos, muito mais nessas área em que a gente intervém, áreas muito frágeis, onde não devemos não só não destruir os frágeis equilíbrios de existência, senão potencializar, (…) introduzir mais energia através do projeto. Eu sempre defino que isso tem a ver com reconhecer as centralidades existentes e injetar outras novas que possam ressignificar os lugares. essa estratégia é (…) fundamental para poder intervir nesses lugares frágeis.
Oito passos relevantes para avançar na direção de uma Política Pública para Habitação de Interesse Social:
- Primeiro (…), se trata de contrapor um outro modelo de atuação do Poder Público.à Política de Habitação popular baseada na construção de apartamentos ou casas de baixa qualidade, sem sentido estético e de falta de relação orgânica com a cidade, longe das áreas comerciais e de serviços públicos, das fontes de trabalho e com dificuldades de acesso ao transporte público. Isso é uma radiografia do que são essas áreas frágeis.
- Segundo: é necessário considerar simultaneamente as implicações urbanísticas, isto é, a configuração da dimensão pública para a vida privada, implicações sociais, ou seja, o agrupamento individual que deve ser mais que a soma ou adição de células, devendo resultar na combinação fluida de pequenos coletivos, implicações arquitetônicas, sempre é claro – obtenção de diferenciação na repetição, com volumetrias variadas, e as implicações ambientais, configurar entornos, onde natureza e artifício possam conviver de maneira harmônica.
- Outro ponto: oferecer habitações flexíveis, com plantas baixas de uso misto, comércio, locais de trabalho ou serviços. Essa é uma questão fundamental para não ter edificações monofuncionais que empobrecem o tecido urbano.
- Outro ponto: Oferecer habitação, não só na pequena escala, mas especialmente núcleos habitacionais com o DNA do urbano, com os quais os habitantes possam se identificar.
- Outro ponto: Incluir o vegetal como questão estrutural, garantir adequada relação massa verde – massa construída, como falava Lúcio Costa.
- Outro ponto: mais que habitação, se trata de materializar pólos de desenvolvimento urbano, incluindo outras funções, tais como locais de trabalho, cinemas, hotéis, serviços culturais, em complemento com a iniciativa privada se possível, a partir de um plano urbanístico base, buscando a sustentabilidade dos empreendimentos. Também não é só o Poder Público que tem o poder e a responsabilidade de atuar – também o privado pode fazer sua contribuição.
- O desafio atual consiste, para mim, em considerar ao mesmo tempo a “forma urbana”, ou seja, os edifícios, os lotes, os quarteirões, as ruas, as praças e os “tipos de construção”, ou seja, as casas, as edificações multifamiliares, as edificações em altura, comércio, serviços etc, com o objetivo de estruturar o processo de transformação urbana.
Por que o campo de habitação de interesse social é, sem dúvida, o campo do sócio-espacial que mais demandará criação e investigação ao longo do século XXI – muito mais que outras áreas. Todo esforço que se faça, sempre é pouco.
- E, finalmente, último ponto que queria abordar: que o projeto de arquitetura de habitação de interesse social implica considerar simultaneamente o ético, ou seja, fazer o que deve ser feito – isso é a ética para a psicanálise – o estético, que implica sempre o desafio do novo e o político, que são as difíceis relações com as estruturas de poder econômico, político, militar, de todo tipo. Nessas difíceis relações com as estruturas de poder, há três tempos que o projeto precisa articular, que são três tempos que não coincidem: o tempo da elaboração do projeto, que tem uma necessidade de maturação própria, não muito mensurável, o tempo da obra, ou seja, o tempo técnico, e o tempo político, que é sempre a urgência de responder às demandas o mais rápido possível.
Acima, reproduzimos trechos das falas dos participantes das mesas de debate “Novos Caminhos para a Habitação Social”, que recebeu oficialmente o selo de evento preparatório da UIA 2020 no Rio de Janeiro – na ocasião, houve transmissão ao vivo pela internet intermediada pela ArchDaily e gravação em vídeo, que passou por edição que aqui apresentamos.
O vídeo produzido a partir da gravação pode ser acessado através do link:
Algumas informações sobre o curso de Pós-graduação lato sensu Habitação e Cidade, da Escola da Cidade, que concluiu dez anos de existência:
Coordenadores do curso: Ruben Otero; Luis Octavio de Faria e Silva
Coordenadora assistente: Maria Teresa Cardoso Fedeli
Coordenadores em edições anteriores: Anália MMC Amorim (1ª edição do curso); Maria
Teresa Diniz, Marcelo Rebelo, Thiago Barbizan
Professor Assistente: Victor Minghini (2013-2018)
Professores que tiveram participação no curso de 2009 a 2018: Acqua Alta; Adrian Gorilik; Adriana Levisky; Agnaldo Farias; Alejandro Echeveri; Alessandro Tessari; Alex Gimenez; Alexandre Delijaicov; Alina Del Castillo; Alvaro Mello; Amanda Morelli Rodrigues; Anaclaudia Rossbach; Ana Isabel Remolina; Ana Elena Salvi; Ana Julia Brandão; Ana Paula Bruno; Ana Paula Koury; Anália MMC Amorim; Andrea Tapia; Ângela Amaral; Aranguren e Gallegos; Arnaldo de Melo; Barbara Hoidn; Barbara Silva; Benedito Roberto Barbosa; Caio Santo Amore; Camila Oliveira; Candelaria Reyes; Carlo Pozzi; Carlos Barrado; Carlos Campuzano; Carlos Franco; Carlos Lemos; Ciro Pirondi; Christian Wertmann; Claus Bantel; Clemencia Escallon; Cristina Brasileira; Daniel Montandon; Domenico Potenza; Domingos Pires; Doron Grull; Edilson Mineiro; Edson Elito; Eduardo Carvalho; Eduardo Subirats; Elaine Cristina; Eleonora Mascia; Eliene Coelho; Elisabete França; Elvis Vieira; Eulalia Negrelos; Eugênio Queiroga; Evaniza Rodrigues; Fabienne Hoelzel; Fabio Ayerra; Fabio Mariz Gonçalves; Fabio Valentim; Fabrizio Rigout; Felipe Noto; Fernanda Barbara; Fernanda Lima; Flavia Nascimento; Flavio Higushi Hirao; Gilson Paranhos; Giovanni Rasetti; Gustavo Rebord; Héctor Vigliecca; Hélène Afanasieff; Helio Olga; Helio Piñon; Heloisa Maringoni; Heloisa Regina; Ignacio Volante; Ines Moisset; Ines Battagin; Irene Rizzo; Isabela Gardes; Jack Couriel; Jaime Gimenez; Jaime Leirner; Jefferson Tavares; Joana Mello; João Marcos de Almeida; Joice Giannotto; Jorge Mario Jauregui; Jorge Wilheim; José Alberto; José Armênio Cruz; José Lira; Jose Maria de Lapuerta; José Rollemberg; Josep Fernando; Josep Maria Montaner; Juan Mascaró; Juan Pablo Aschner; J. Sebastian Bustamante; Julia Mantovani; Juliana F. Armede; Juliano Ximenes; Jurandyr Ross; Karina Alencar; Karina Leitão; Ladislau Dowbor; Lara Barbosa; Larissa Viana; Lea Cavalcanti; Ligia Miranda; Lina Toro; Linsey; Lizete Rubano; Luciano Margotto; Luis Espallargas; Luis Mauro Freire; Luis Kehl; Luis Kohara; Luisa Sassi; Luiz Fernando Fachini; Marcel Sanches; Marcela Samper; Marcelo Faiden; Marcelo Ferraz; Marcos Acayaba; Marcos Boldarini; Maria Cecilia Gorsky; Maria Cláudia Brandão; Maria Luiza M. Granziera; Maria Ruth Sampaio; Maria Teresa Diniz; Maria Teresa Grillo; Marilena Fajer; Marina Rosa; Mario Figueroa; Mario Reali; Mario Yoshinaga; Martha Kohen; Marta Lagrecca; Marta Moreira; Mauro Claro; Michele Manigrasso; Mirela Geiger; Nabil Bonduki; Natalia Castano Cardenas; Natalya Solopova; Newton Massafumi; Nilce Aravecchia; Oscar Santana; Osmar Borges; Paloma Vera; Pascual Ganguotena; Paula Shinzato; Paulo Brazil; Paulo Bruna; Paulo Mendes da Rocha; Paulo Pellegrino; Paulo Pignanelli; Paulo Saldiva; Pedro Araújo; Pedro Salles; Pedro Souza; Pedro Teleki; Pierre Melmerstein; Plinio Tomaz; Rainer Grassman; Rainer Hehl; Raphael Rodrigues; Raquel Rolnik; Raul Vallés; Regina Meyer; Renata Miron; Renata Semin; Renato Cymbalista; Ricardo Buso; Ricardo Caruana; Ricardo Nader; Robert de Paaw; Roberto Sakamoto; Roberto Santos; Rosane Tierno; Rumi Kubokawa; Ruth Verde Zein; Sergio Abrahão; Sergio Ludemann; Sharif Kahatt; Stetson Lareu; Sun Alex; Suzel Maciel; Sylvio Sawaya; Tânia Beisl Ramos; Tassia Regino; Tereza Herling; Thiago de Andrade; Thiago Teixeira; Utpal Sharma, Valdemir Rosa; Valter Fabietti; Vanessa Padiá; Vinicius Andrade; Vitor Paixão; Viviane Rubio; Violeta Kubrusly; Vitalina Bernardete dos Santos; Walkyria M. Paula; Walter Pires; Yopanan Rebello
Alunos:
2009 – Alberto Luis Nicolav; Alexandre Cordeiro; Antonio Almeida Pires; Betina Roque Lorenzetti; Bianca Languidi; Carolina Bloise; Claudia Franco Roia; Cristiane de Carvalho Fernandez Soncin; Cristiane Dutra Nascimento; Daniel Elie Kalil; Darcy Gebara Ramos Francisco; Elaine Cristina da Costa; Fernanda Gonçalves Moceri; Gerson Koji Yoshizumi; Jéferson Domingues Diniz; Juliana Vargas de Castilho; Leandro GiamasIafigliola; Lucas Alves de Lima Nicésio; Luciano Lucas Galvinas; Luis Fernando Arias Fachini; Luiz Henrique Girardi; Maria Teresa Cardoso Fedeli; Marina Batista da Rosa; Patricia Cristina Ribeiro Manna de Deus; Pedro Cardoso Smith; Priscilla Marques Rodrigues; Rafael Marques Castellar; Renato Schattan; Sergio Dal Maso; Sergio de Paula Leite Sampaio; Ulisses Demarchi Silva Terra; Vanessa Padiá de Souza; Viviane da Silva Rodrigues; Vera Aparecida de Oliveira Mendes
2010 – Ana Carolina Nascimento da Silva Oliveira; Andreia Marquis; Beatriz Martinez Gonzalez; Cassio Houang Daher; Consuelo A. Gonçales Gallego; Cristiane Carolino Crisosto Emanuel Cortez; Felipe Augusto Sant’Anna; Karlos Feliphe da Vitória Rupf; Kirsten Mary Larson; Lúcia Annunciato Cabral Pereira; Leonardo Nadolny Nassour; Luiz Fernando de Gasperi Viana; Marcelo Fukushima Patarro; Ricardo Fernandes Adreano Do Couto; Ricardo Miyahara; Roberta dos Santos Martins; Roberto Fontes De Souza; Rodrigo Cesar David;
2011 – Ana Lúcia Longato; Bruno de Toledo Sivieri; Carlos Ossamu Shitakubo; Danielle Gomes da Silva; Desy Frezet; Fernanda Marta; Fernando Ferraz Gazzaneo; Fredi Montecinos; Ivan Mazel; Juliana Alves Guimarães; LarissaAraujo de Oliveira; Luciana Ribeiro Lopes; Mariana de Moraes da Fonseca; Miréia Cuerda Alvarez; Noelia Monteiro de Ribeiro; Paulo Henrique Brito; Pedro Campones Rocha Santos; Rafael Estrada Aznar; Ronaldo Pinto; Saulo Ferraz Alves Medeiros; Sheila Naomi Goto; Silvia de Mesquita Rodrigues de Freitas; Silvio Tadeu Vuoto; Solange Giannini; Suzana Leite de Barros Baltar; Vania Cristiane Flores Salinas;
2012 – Alexandre Julien Pierrard; Alice Santoro Belangero; Altemir A. de Almeida; Andreia Pereira de Sousa; Bruna Plantier Castanho; Bruno Paulino da Silva; Camila Haickel da Costa; Carla Meirelles Roxo; Denise Vac; Erika Anchieta de O. Nobre; Euridan Ferreira da Costa; Fabian Eduardo Rodriguez Cristancho; Felipe Mestre Moreno; Fernando Diaz Soler; Flora Maria Groke Campanatti; Gabriela Defilippi Audrá; Guilherme do Carmo Gomes Dias; José Carlos Lima; Josep Pons Miguel; Juliana Barsi de Castro Teixeira; Karina Gabriel Alencar; Lívia Tateyama; Maíra Bauherz; Marcia Cezar ZaccariaEndrighi; Marta Junqueira da Silva; Mirela Cristina Faria Caetano; Paula Rodrigues de Souza; PieraDore; Priscilla De Natale; Ricardo Stern; Samira Manoel dos Santos Lima; Sandra Maria Valéria Patriani; Sarah Rodrigues da Silva; Silvia Costa Monteiro; Vanessa Soledad Rabbia; Victor Martins Minghini;
2013 – Ágatha Gonçalves Morare; André dos Santos Ribeiro; Artur Fávaro Mei; Beatriz Polizeli; Caio Marçon Mesquita; Camila Romano; Carlos Antonio Mattos; Cinzia Schiavon ; Clelio Aparecido Leme; Daniela Facchin; Dhiego Magalhães Torrano; Douglas Gomes do Nascimento; Fabiana Kalaigian Kiulhtzian; Fernanda Lie Sakano; German Biglia; Isabela Naiade do Nascimento Gardés; Joan Font Ballesté; Joana Paula Penso; José Ricardo Paoliello Junior; Juliana Drahomiro Gomes; Lara Isa Costa Ferreira; Livia Silva Ribeiro; Lyzandra Machado Martins; Mariana Ribeiro dos Santos; Martin Benavidez; Nathalie Artaxo Santiago Toledo; Patrícia Pereira Fraga da Costa; Sandro De Mauro; Silvio Cesar Riechi; Sylvia da Costa Facciolla;
2014 – Aline Cristina da Cunha Silva; Bruno Fonseca Cardoso Andrade; Carolina Aparecida Sousa; Gustavo Franco Garcia Guedes; José Ivonildo Ribeiro da Silva Filho; Lila D’Alessandro; Letícia Leal Costa Pinto; Manuel Moruzzi; Maria Fernanda Arias Godoy; Nielson Fortunato Souza dos Santos; Patrícia Amaral Gurgel Küpper; Renata C. A. Cardoso; Renato Garrido de Barros; Tamires Miranda de Oliveira Tamanini;
2015 –Alessandra Regina dos Santos Moreira; Alexandre de Sousa Tenório; Andrea Straccia;Bethania Gonçalves de Souza; Bruna Silva Chacim; Cecília Carrapatoso da Costa; Cláudia Andreoli Muniz; Eduardo Cunha de Toledo Ferrão; Fábio de Oliveira Matos; Fausto Akihiro Chino; Fernando Fayet de Oliveira; Gustavo Prado Fontes; Henrique Utino; Herbert Hideki Yamamoto; Jéssica Nardy Machado; João Vitor de Souza Ferraz da Silva; Julia Peluzzo Lamy de Miranda; Júlio César Alves Ferreira; Leandro Teixeira Zaparoli; Leonardo Resende Gualberto; Lucas Daniel Ferreira; Lúcio Mamede de Souza Filho; Luis Fernando Cáto; Manoella Gabriel Rodrigues; Marineia Lazzari Chiovatto; Mathias Pierre Saboya; Miguel Akio Okada; Monica de Jesus Salomão; Natan da Silva Ramos; Naymi Andirá Christoffel Lobato; Oscar Seiti Chinen; Pedro Fedeli Hirata; Raphael Daibert Gomide; Renata Bonafé Ribeiro; Renato Pereira da Silva; Ricardo Pirondi Gonçalves; Shirlene de Moura Matos; Valquiria Castro Ramos; Vanessa Pereira Cassettare;
2016 – Ana Carolina Machado de Oliveira; André Gomes Ferreira da Silva; Bruna Ravagnani Donadeli; Bruna Renata Farine Milani; Cristina Perez Gimenez; Daniel Claudio da Silva Calderón; Fernanda Amadeu da Silva; Josefa Vanúbia Pontes Moreira; Julia Marini; Michele Guillen San Martin Costa; Michelle Hernandes Bashiyo; Pamela Bertozzi; Paula Fernanda Faria Rodrigues; Paulo Bindi Brandão; Raimundo Nonato Borges Junior; Sheroll Martins Silva; Silvio Manoel do Nascimento; Tadeu Lara Baltar da Rocha; Willian Yoshida de Almeida;
2017 – Adriana de Lima Sampaio; Aldo Garcia Junior; Alex Honório; Aline dos Santos Souza; Bianca Boreggio Machado; Erica Vilasboas Monteiro Morgado; Esteban Enrique Machuca Cabrera; Guilherme Calió Cicerone; Hellen C Gonçalves dos Santos; Henrique Ortega Perdiz; Joséphine Poirot-Delpech; Juliane Aparecida Neiva Ottoni; Laryssa Kruger da Costa; Ligia Monteiro Silva; Marcia Maria Policastro Pessoa; Maria Fernanda Machado; Mariana de Toledo Ignácio; Patricia Baptista Moreno Martin; Paulo Rogério de Pasquali; Priscila Leonor Piazza; Rafael Mentone de Britto Siqueira; Sidney Carneiro de Mendonça Fernandes; Tales Alexandro Miguel Miranda; Thales Eduardo Sportero Gama;
2018 – Alcyr Barbin Neto; Alline Lais Nunes; Ana Carolina Alves Sobral; Ana Sofia Kahl Póvoa; Arthur Martins Tiveron; Camila Campos Tavares Carvalho; Carlos Alberto Dillon Soares Junior; Carolina de França Pereira; Daniela Fajer Rosa; Fernando Thomaz Henriques Junior; Gabriela Princhak Teixeira Pinto; Guilherme Pulice Bernoldi; José Roberto Trícoli; Karen Larissa Santos Lima; Katrin Abdallah Mendonça; Mariana de Jesus Terra; Marina Marques De Nadai; Moisés Caio das Dores; Paula Van Erven; Rafael Abelini de Macedo; Raphael Lahorgue Gomes Carneiro; Raissa Gomes de Oliveira; Renan Leite Galindo da Silva;
Áreas de projeto (2009-2018)
Avenida Ipiranga – São Paulo
Bairros Cota – Cubatão SP
Baixada do Glicério – São Paulo
Barra Funda – São Paulo
Bixiga – São Paulo
Cabuçu de Baixo – São Paulo
Cabuçu de Cima – São Paulo
Casavalle – Montevidéu – Uruguai
Cerro de la Cruz – Medellin – Colômbia
Cotia SP
Encanta Moça – Recife
Jardim Colombo – São Paulo
Jardim Colonial – São Paulo
Jardim Cumbica – Guarulhos SP
Jardim Japão – São Paulo
Jardim Paraná – São Paulo
Jurunas – Belém
La Maternidad/ Artesanos – Córdoba – Argentina
Luz – São Paulo
Moóca – São Paulo
Morro do S – São Paulo
Ocupações no Centro – São Paulo
Ouro Verde e Sagrado Coração – Jandira SP
Paraisópolis – São Paulo
Sol Nascente – Ceilândia/ Brasília
Vila Flávia – São Paulo
Xochimilco – Cidade do México